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Cerveja
Nutrição
Segundo estudos recentemente divulgados a cerveja, ao contrário do que muitos julgavam, é benéfica para a saúde e parece não ser a maior responsável pela obesidade ou a chamada “barriga de cerveja”, que caracteriza grande parte dos apreciadores desta bebida…
Nas últimas décadas, temos assistido à desmistificação de alguns alimentos que até então se julgavam prejudiciais, quando na verdade apresentam características benéficas. Refiro-me por exemplo ao vinho tinto, a alguns peixes gordos como a sardinha, a gorduras como o azeite ou até ao chocolate. A evolução tecnológica tem permitido analisar com mais exactidão o impacto dos alimentos na nossa saúde e, desta feita, foram reveladas mais algumas propriedades da cerveja.
A cerveja, bem como outras bebidas alcoólicas (vinho tinto), quando ingerida com moderação e integrada numa dieta equilibrada pode trazer benefícios, desde que não haja restrições absolutas ao consumo de álcool. Os resultados destes estudos recentes vêm reforçar outros mais antigos, como os que tive o prazer de tomar conhecimento num Congresso realizado em Bruxelas em 1999, cujo tema era “Cerveja e Saúde”.
Existem registos das primeiras bebidas fermentadas à base de cereais que datam de há mais de 6000 anos, produzidas pelos Sumérios, na Mesopotâmia. Para os Egípcios, a cerveja era uma bebida nacional: bebiam-na o povo, os reis e era oferecida aos deuses. E, com o decorrer dos tempos, depressa se espalhou pela Europa e por todo o mundo, tornando-se uma bebida popular. Actualmente existem muitos tipos de cerveja e, por exemplo, só na Bélgica há 400 marcas diferentes…
Como é do conhecimento geral, a cerveja é elaborada à base de cereais. A maior parte é produzida a partir do malte (cevada germinada), água (cerca de 90%), lúpulo (que confere o travo amargo característico) e levedura (responsável para fermentação). No que se refere ao seu teor nutritivo, a cerveja é rica em vitaminas, nomeadamente do grupo B (niacina, riboflavina, piridoxina e folatos), antioxidantes (polifenóis), minerais (rica em magnésio, silício e potássio e, pobre em sódio) e fibras solúveis. De acordo com nutricionistas estes nutrientes escasseiam frequentemente na dieta ocidental e, por outro lado, não devemos esquecer que a cerveja é pobre em lípidos e açúcares, de que muitas pessoas abusam.
A cerveja, quando ingerida com moderação, ajuda na prevenção de doenças cardiovasculares. Por exemplo, até um máximo de 3 copos (30g de álcool) por dia pode ajudar a reduzir o risco de ataque de coração em cerca de 25%. Nestas proporções, esta bebida ajuda também a aumentar os níveis do colesterol bom (HDL). O teor em compostos fenólicos (antioxidantes) faz da cerveja e, também do chá verde e do vinho tinto, bebidas úteis na prevenção de determinados tipos de cancro, como o da mama. De acordo com um estudo britânico, o silício, mineral existente em abundância na cerveja, favorece o processo de mineralização dos ossos, fortalecendo-os. Este facto é interessante, em especial na prevenção da osteoporose.
Outros estudos referem que a cerveja não é a maior responsável pela chamada “barriga de cerveja”, uma ideia fortemente enraizada. De acordo com alguns nutricionistas, a obesidade deve-se antes aos alimentos habitualmente associados ao consumo da bebida, como fritos e aperitivos salgados. Note-se ainda que a cerveja possui em média 3 a 5% de álcool, um teor menor em relação a outras bebidas alcoólicas. Se optar por cerveja sem álcool, beneficiará das características benéficas desta bebida e ingerirá menos calorias. Aliás, a cerveja é uma bebida saciante por natureza (devido ao seu teor de água) e muito mais saudável em comparação com refrigerantes que têm um valor calórico superior e são elaborados à base de açúcar.
Desfrute do tempo quente em companhia de uma boa cerveja fresca, mas nunca se esqueça que o segredo está na moderação…
Pedro Lôbo do Vale
Médico

