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Mel
Nutrição
Desde tempos imemoriais que as propriedades do mel são apreciadas e reconhecidas. É sobre este alimento, que trata o artigo de hoje.
O mel, é fabricado exclusivamente pelas abelhas para estas se alimentarem durante o Inverno. Contudo, a quantidade de mel que fabricam é cerca de três vezes superior àquela de que necessitam para sobreviver.
O mel é produzido a partir do néctar recolhido das flores pelas abelhas. Posteriormente, este néctar é transformado pelas enzimas digestivas das abelhas e armazenado na colmeia.
Existem imensas referências históricas a esta substância. Para além das alusões bíblicas, muitos outros povos, como os antigos egípcios ou os gregos, por exemplo, se referiam ao mel como um produto sagrado. Para outros povos, o mel chegou a ser utilizado no pagamento de impostos. Para além de ser usado maioritariamente como adoçante, o mel sempre foi conhecido devido às suas propriedades terapêuticas.
Na realidade, este produto é bem mais do que um doce ou uma guloseima. São muitos aqueles que apelidam o mel de alimento milagroso, mas este exagero deve-se à sua riqueza em nutrientes. Assim, de um modo geral, o mel é constituído, na sua maior parte (cerca de 75%), por hidratos de carbono, nomeadamente por açúcares simples (glucose e frutose). O mel é também composto por água (cerca de 20%), por minerais (cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo, potássio, entre outros), por cerca de metade dos aminoácidos existentes, por ácidos orgânicos (ácido acético, ácido cítrico, entre outros) e por vitaminas do complexo B, por vitamina C, D e E. O mel possui ainda um teor considerável de antioxidantes (flavonóides e fenólicos).
Contudo, é importante salientar que existem vários tipos de mel, consoante a variedade de plantas de onde é extraído o néctar e, também, de acordo com a localização geográfica dessas plantas. Por esta razão, o mel pode apresentar consistências e cores diferentes. Assim, as abelhas podem recolher néctar de uma só flor ou de várias espécies de flores. Poderá optar pelo mel de acácia, de rosmaninho, de tomilho, flor de laranjeira, de pinheiro, entre outros, ou pelo mel obtido da mistura de diversas plantas. No primeiro caso, quando o mel é obtido de uma só planta, para além das propriedades do mel, pode também beneficiar das características das plantas do qual é obtido. Assim, por exemplo, o mel de flor de laranjeira é calmante e digestivo, o mel de tília é útil nas insónias e o mel de eucalipto é usado devido às suas propriedades peitorais e balsâmicas.
Devido à sua riqueza química, o mel apresenta propriedades consideráveis a vários níveis. Assim, devido ao seu teor de açúcares simples, de assimilação rápida, o mel é altamente calórico, pelo que é útil aos desportistas como fonte de energia. O mel é também recomendado em casos de fadiga, stress e falta de tónus.
São atribuídas ao mel propriedades anti-sépticas e antibióticas significativas, pelo que é usado tradicionalmente em gripes, dores de garganta, tosse, etc. É do conhecimento geral, que um chá de limão adoçado com mel pode ser benéfico em constipações e ajuda a aliviar a sensação de garganta irritada.
O mel é também usado externamente devido às suas propriedades anti-microbianas e anti-sépticas. Assim, o mel ajuda a cicatrizar e a prevenir infecções em feridas ou queimaduras superficiais. O mel é também utilizado largamente na cosmética (champôs, cremes, máscaras de limpeza facial, tónicos, etc.) devido às suas qualidades adstringentes e suavizantes.
O mel pode também ser benéfico em algumas perturbações digestivas, pois para além de ser facilmente digerido, poderá ajudar em casos de úlcera, ao exercer uma acção cicatrizante.
Poderá tomar um chá de tília adoçado com mel antes de se deitar para proporcionar uma noite mais repousante.
É importante referir, que apesar dos seus benefícios, o mel é altamente desaconselhado a diabéticos, devido ao seu elevado teor de hidratos de carbono. Também, aqueles que são alérgicos aos produtos da colmeia devem evitar o seu consumo. Alguns autores são da opinião que, devido ao facto do mel ser um produto natural, pode conter esporos de botulina, responsáveis pelo botulismo, que provoca intoxicações graves a crianças com idade inferior a 1 ano de idade. Por esta razão, o mel não deve ser ingerido por crianças com menos de 1 ano.
Devido a todas estas propriedades benéficas e pelo facto do mel ser um alimento saudável e 100% natural, deveria ser incluído na nossa alimentação diária, substituindo, sempre que possível, o açúcar. Deverá, no entanto, ser ingerido com moderação devido ao seu elevado teor calórico (cerca de 3 kcal/g), pelo que não deverá consumir mais de 3 colheres de sopa de mel por dia. O poder adoçante do mel é duas vezes superior ao do açúcar, pelo que basta uma pequena quantidade para adoçar. Pode, por exemplo adoçar os cereais ao pequeno-almoço, ou adoçar as bebidas com mel.
Também, o favo de mel devido ao facto de ser 100% natural, é consumido pelas suas propriedades lubrificantes e aceleradoras do trânsito intestinal.
Pedro Lôbo do Vale
Médico

