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Álcool

Nutrição

Desde tempos imemoriais que o Homem aprendeu a destilar e fermentar frutos, cereais e outras espécies vegetais, de forma a obter várias bebidas alcoólicas. Consumido em quantidades bastante moderadas, o álcool, poderá ter alguns efeitos benéficos, como poderemos ver mais adiante. Caso contrário, quando ingerido em excesso, as suas consequências poderão ser irreversíveis ou até letais.

São do conhecimento geral os efeitos que o consumo excessivo de álcool acarreta e as suas causas parecem estar relacionadas tanto com factores genéticos, como físicos, psicológicos e/ou sociais. Basicamente e, numa fase inicial e aguda, o álcool provoca alterações na capacidade de concentração, perspicácia, equilíbrio, comportamento, etc.. Já numa fase mais avançada de alcoolismo crónico, alterações do sistema nervoso, hepáticas e digestivas, entre outras, poderão colocar em perigo a saúde dos indivíduos nesta situação. Também no contexto social, problemas como a violência doméstica, abuso de menores, acidentes de viação ou trabalho, distúrbios da ordem pública , etc. são frequentes.

Em inúmeros indivíduos, a ingestão de bebidas alcoólicas pode provocar alguma sensação de saciedade e conforto quando, de facto, a energia fornecida é de efeito rápido e desprovida de nutrientes importantes, o que pode conduzir a desequilíbrios alimentares e metabólicos. Por exemplo, as bebidas alcoólicas não contêm vitaminas nem sais minerais, o que provoca carências a vários níveis e, consequentemente, perturbações graves que conduzem a doenças como a hipoglicemia (redução da glucose no sangue) e a hiperlipidemia (aumento de gorduras no sangue). O risco de contrair cancro aumenta com o consumo de álcool, assim como as lesões do fígado (cirrose, hepatite, fígado gordo), visto ser este o órgão que destila o álcool no nosso organismo. As carências vitamínicas, especialmente de Vitamina B1 (tiamina) originam deficiências graves a nível do sistema nervoso e também do sistema cardiovascular (insuficiência cardíaca, hipertensão, acidentes vasculares cerebrais, etc.). Para além disso, o consumo excessivo de álcool pode ainda causar gastrites, úlceras, danos na flora intestinal, etc.. Doenças psiquiátricas como a ansiedade, a depressão e a demência podem estar também relacionadas com o alcoolismo. Estudos mostram ainda que a incidência de suicídio tende a aumentar entre os alcoólicos.

O tratamento desta toxicodependência passa pela privação total de álcool, com acompanhamento médico, ajuda de medicamentos e suporte psicológico. Para além de uma dieta equilibrada e de exercício físico, é necessário um acréscimo de nutrientes devido às graves carências provocadas por esta patologia. Assim, é importante a suplementação com probióticos (ex: Lactobacillus acidophilus e bífidos) e prebióticos (inulina e fruto-oligosacarídeos) para regenerar a flora intestinal, antioxidantes (como vitaminas A, C e E, zinco, selénio), cisteína, carnitina e, principalmente, metionina. É de especial importância o aporte de vitaminas do grupo B (vitamina B1 - tiamina, vitamina B6 - piridoxina). O cardo-mariano, Silybum marianum, cujo princípio activo é a silimarina, tem provado ser eficaz principalmente no tratamento de lesões hepáticas. São também muitos aqueles que recorrem, por exemplo, à acupunctura, à massagem, à hidroterapia e mesmo à hipnoterapia como tratamentos coadjuvantes em desintoxicações alcoólicas.

Como se vê, o consumo excessivo de álcool é altamente prejudicial à saúde e a recuperação difícil. Contudo, como referi no início deste artigo, o seu consumo moderado (1 a 2 copos diários a acompanhar as refeições) e, no que se refere ao vinho tinto, pode, em alguns casos, ser benéfico.

Nos últimos anos, têm sido realizados inúmeros estudos que confirmam essa informação. Muitos pesquisadores chegaram a esta conclusão através daquilo que ficou conhecido como o Paradoxo francês: comparativamente com os americanos, os franceses seguem uma dieta rica em gorduras e sofrem de doenças do coração em menor proporção do que seria de esperar, pois acompanham as refeições com vinho tinto. Este facto poderá ser controverso, mas a verdade é que o vinho tinto é rico em antioxidantes (polifenóis) - nutrientes de valor inquestionável e efeitos benéficos, nomeadamente no que diz respeito à fluidificação sanguínea, à prevenção das placas de ateromas que, frequentemente, aparecem na arterioesclerose.

O vinho branco também possui antioxidantes, mas em quantidades muito reduzidas, pois estes nutrientes estão presentes no vinho tinto devido à pigmentação vermelha das uvas, grainhas e caules que conferem as propriedades acima referidas a esta variedade de vinho.

Porém, se é saudável não deverá iniciar o consumo de álcool, ainda que seja de vinho tinto! Neste caso, poderá optar pelo sumo de uva preta (de preferência sem açúcar adicionado e sem aditivos) que também possui as propriedades benéficas referidas.

No entanto, se é apreciador de bebidas alcoólicas, se o seu estado de saúde o permitir e, tendo sempre em mente a moderação, opte pelo vinho tinto que, entre este tipo de bebidas, é a única que apresenta características benéficas.

Pessoalmente, penso que o vinho tem um paladar deveras único e, em certas ocasiões, pode ser insubstituível. Contudo, para os que não têm uma contra-indicação absoluta ao seu consumo, saboreá-lo poderá ser um prazer, enquanto que situações de abuso poderão ter consequências graves.

Pedro Lôbo do Vale
Médico