Brócolos

Tenho, em muitas ocasiões, focado a importância que uma alimentação equilibrada e variada tem na nossa saúde. Nunca é demais lembrar que deveríamos ingerir diariamente uma quantidade substancial de legumes, frutas e fibras, em detrimento das gorduras (de origem animal) e dos alimentos ricos em açúcar. O facto que aquilo que comemos se reflectir na nossa saúde, tem levado cada vez mais cientistas em todo o mundo a estudar aprofundadamente determinados alimentos. Assim, no artigo de hoje, vou falar de um alimento cujo valor nutritivo tem, nas últimas décadas, suscitado o interesse da comunidade científica: os brócolos. Aliás, ultimamente tem havido nos mercados uma abundância deste vegetal e muitas pessoas me questionam sobre as suas propriedades.

Este vegetal da família das crucíferas (tal como a couve-flor, as couves, os agriões e os rabanetes) fornece uma quantidade considerável de vitaminas (como as vitaminas C e E) e minerais (potássio, cálcio e ferro). Porém, é o seu teor em fitonutrientes, denominados de isotiocianatos, nomeadamente o sulforafano, que despertaram a atenção dos investigadores. Segundo estes, uma dieta à base de brócolos pode ajudar a diminuir o risco de contrair diversos tipos de cancro, como o cancro da mama, da próstata ou do intestino. Ora, este facto deve-se à presença do sulforafano que estimula as defesas anticancerígenas das células. Este químico actua reforçando certas enzimas naturais das células que destroem substâncias químicas danificadoras do ADN.

Segundo a opinião dos cientistas, a presença deste químico parece possuir a capacidade de destruir a helicobacter pylori, uma bactéria que causa úlceras no estômago e é, provavelmente, responsável por alguns casos de cancro. Inclusivamente, o sulforafano parece destruir helicobactérias habitualmente resistentes a antibióticos, dentro e fora das células.

Os isotiocianatos presentes neste vegetal podem também ajudar a reduzir alguns efeitos carcinogénicos derivados do fumo do tabaco.

Por outro lado, os fitonutrientes presentes nos brócolos possuem ainda a capacidade de ajudar a reduzir o colesterol do sangue e, assim, ajudar a reduzir a aterosclerose.
Devido ao elevado valor nutritivo que o consumo de brócolos constitui, aconselha-se a sua ingestão duas a três vezes por semana. Como se trata de um vegetal versátil, pode preparar os brócolos cozidos ou utilizá-los em sopas, omeletas, saladas ou pratos de massa.

Chamo a atenção para o facto de os brócolos não se conservarem muito tempo, pelo que devem ser colocados no frigorífico e utilizados logo após a sua compra. Ao adquirir este tipo de vegetal, escolha os de cor verde escuro, evitando os que estão a ficar amarelados, pois é sinal de que não são frescos. Dê preferência àqueles que são de origem biológica certificada, pois oferecem maiores garantias de qualidade.

Relembro também que pode usufruir das propriedades benéficas deste vegetal através da ingestão de cápsulas elaboradas à base de extracto de brócolos, disponíveis no mercado. Este tipo de suplemento é particularmente aconselhado a quem não tenha a facilidade em consumi-los frescos e, sobretudo a pessoas com predisposição para o cancro. Se for esse o seu caso, deverá, como sempre, aconselhar-se junto do seu médico.

Pedro Lôbo do Vale
Médico